"Quem sabe tudo nunca aprende nada"

20-08-2012 16:28

Vivemos uma era em que a informação além de ser super valorizada, está vinculada a uma sociedade hierárquica, que corresponde a uma organização rígida e autoritária. A estrutura de uma sociedade hierárquica é simbolizada por uma pirâmide, em que o corpo governante está organizado em escalões que obedecem a níveis de poder – ou seja, cada escalão está subordinado a outro de nível superior, como uma via linear de mão única.  Mas a natureza, da qual o homem é apenas um holon ou elo, é um sistema integrado e consiste em unidades que funcionam ao mesmo tempo como parte de totalidades maiores. Sob este ponto de vista, a comunicação é circular e, portanto, mais rica, pois é uma via de mão dupla com infinitas possibilidades conectivas. Parte do princípio que influenciamos e somos influenciados simultaneamente, mesmo que de maneira inconsciente.

Nesse sistema agressivo antinatural, a informação se tornou um símbolo de status e poder e colecionar informação se tornou uma atividade compulsiva e sem propósito. É uma forma de nos sentirmos conectados ao mundo e ocuparmos nosso espaço – como se o conhecimento ditasse quem somos e aumentasse nossa auto-importância. Basta observarmos o quanto serviços de base e manutenção social, como agricultura e coleta de lixo, são desvalorizados ao passo que o trabalho intelectual é prestigiado e bem remunerado. E essa ambição pelo conhecimento absoluto ainda reduz nossa capacidade de aprender, pois nos apegamos a definições e nada que possa ser definido é absoluto.   

Buscamos respostas porque as perguntas incomodam, nos tiram as certezas que confortam nossa necessidade de estabilidade. Preferimos seguir a trilha já aberta e pavimentada, supostamente segura e fácil, a optar pela trilha desconhecida. A nossa própria mente tem uma tendência a mecanicidade, formando sulcos cada vez mais profundos em sua substância, de modo a fechar circuitos que se repetem continuamente e dão a impressão de que tudo continua sempre igual. Ignoramos que a própria existência é impermanente e está em constante renovação.

A preguiça de explorar novos significados nos deixa presos a antigos padrões que nos impedem te ter uma visão genuína da realidade mutante. Excesso de informação não abre espaço para as idéias aflorarem, pois o simples acúmulo sem função é estéril. De nada adianta conhecer os mistérios do oceano, se não aprendermos a nadar nele.

Definir o universo nos limita a muitos pré-conceitos. Simplesmente enrijece a mente, que perde sua capacidade de criar mais conexões porque há muitos pontos finais. Mas o conhecimento, como a natureza, não é fixo, inerte.  Por ser limitado a tempo e espaço, é relativo, flexível e mutável, paradoxal e complementar, pautado por tantas virgulas, que precisa de constante atualização. Assim como a vida, que não cansa de se reinventar.

Já a sabedoria é livre e eterna. É a essência já incorporada em nosso Ser, a transcendência das nossas limitações. É a inteligência que direciona e unifica a multiplicidade da criação. É o conhecimento aplicado ao nível do profundo entendimento. Transcende o espaço e o tempo, assim como as verdades universais que regem o funcionamento do cosmo. Conhecimento sem sabedoria é catastrófico. Alfred Nobel, desgostoso  com o mal uso de sua descoberta, a dinamite, criou uma instituição para premiar aqueles que prestassem serviço a Humanidade. Nobel percebeu que o conhecimento precisa de um ponto de apoio, ser guiado pela sabedoria, do contrário seu movimento errático pode ser tanto benéfico quanto prejudicial. Numa sociedade predatória e competitiva, muitas vezes informar não significa lançar luz ou incitar reflexão, mas, sim, controlar, manipular, homogeneizar uma realidade que, em si, é tão diversa e auto-transcendente.

Cada vez mais fragmentado, – como nossos valores, centrados na pequenez do nosso eu – o conhecimento só é capaz de construir muros. Mundos que não conversam, mas guerreiam e dominam em nome do bom, do certo e do justo. Assim serve mais como distração, chega a ser alienante. Desapegar significa conscientizar-se de que não há definições absolutas, é expandir nossa percepção, permitindo redefinições, totalmente entregues a dinâmica natural da evolução. Unir intelecto e Consciência, estrutura e função, yin e yang, caminhar “da multiplicidade e do caos, à unicidade e à ordem”. 

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